Cada dia a natureza produz o suficiente para a nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.

Mahatma Gandhi

sexta-feira, 19 de março de 2010

Energia elétrica: nem tão limpa, nem tão barata

Porém, diferentemente do apregoado, a produção de energia hidrelétrica não é tão "limpa" e nem tão "barata". Os custos ambientais e sociais decorrentes da implantação de uma grande hidrelétrica são bastante altos, embora tradicionalmente não sejam contabilizados nos "custos" da geração de energia, pois não são pagos pelo proprietário da usina, e, sim, por toda a sociedade. Entre os principais custos socioambientais envolvidos na implantação de hidrelétricas destacam-se:

:: Deslocamento forçado de centenas ou milhares de famílias em decorrência da inundação de suas terras. Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), já são mais de 200.000 famílias deslocadas no Brasil em função da construção de barragens, a grande maioria formada por agricultores com pouca instrução escolar, que tiveram de ir para as cidades ou aceitar terras bem menos apropriadas para a agricultura, o que trouxe graves consequências sociais;

:: Inutilização das melhores áreas para a agricultura de uma região, que geralmente se situam nas planícies inundáveis, seja porque são submersas com o enchimento do lago, seja porque a alteração da vazão do rio modifica a adubação natural feitas nas várzeas situadas abaixo da barragem;

:: Destruição de florestas, lagoas marginais e outros ecossistemas únicos com a formação do lago, o que, além de ser uma perda em si, traz graves consequências para a fauna;

:: Alteração drástica do regime hídrico dos rios, que deixam de ser corpos de água corrente para se transformarem em grandes lagos de água parada. Isso traz consequências diversas, sendo que as mais importantes são a extinção de muitas espécies nativas de peixes - que não se acostumam a viver na nova condição, ou são impedidos de subir o rio para desovar - e a alteração da qualidade da água, que por vezes pode se tornar imprópria para consumo animal ou humano;

:: Dependendo de cada caso, outras formas de utilização do rio - turismo, esportes radicais, pesca, navegação - acabam se tornando inviáveis, alterando a vida de muita gente e levando o rio a cumprir praticamente uma função única: a geração de energia.

Portanto, produzir energia elétrica, seja qual for a fonte, sempre traz custos associados. Cada forma de produção de energia acarreta um problema diferente - poluição atmosférica, hídrica, risco de acidente atômico, inundação de grandes áreas - e até hoje não se encontrou uma forma de produção em larga escala que seja 100% limpa. Mas o que deve estar claro é que há custos - e altos - na implantação de hidrelétricas, principalmente para os rios, que passam a se transformar em sequências de lagos, com drásticas alterações em todas as cadeias ecológicas dependentes de suas características naturais. Podemos citar inúmeros exemplos de onde isso ocorreu ou vem ocorrendo: rio Tietê, Paraná, Tocantins, Paranapanema, entre outros.


http://www.socioambiental.org/inst/camp/Ribeira/energia

Texto retirado do Módulo 3, Unidade 4, Atividade2 - Curso Ed. para Diversidade e Cidadania-UNESP-Bauru (EAD).

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